Contexto social
- A sociedade portuguesa após 1850: A época da Regeneração
- A partir do século XIX, Portugal é governado por um movimento político mais conhecido pelo nome de Regeneração. Trata-se de um período que vai de 1851 até à implantação da República, em 1910.
- A Regeneração ou o movimento político regenerador divide o século XIX em 2 partes distintas:Separa o período das ideias revolucionárias que de facto caracterizaram a época do 1º Romantismo época esta dominada pela instabilidade política, social e económica, da época seguinte – A Regeneração – Caracterizada pela estabilidade associada ao pré-industrialismo.
- Os políticos regeneradores pretendiam, numa 1ª fase, aproximar Portugal, país atrasado a todos os níveis relativamente aos restantes países europeus, do progresso que se fazia sentir “lá fora”; no entanto, essas tentativas de modernizar e atualizar o país foram, em geral, malogradas e o progresso apregoado pelos políticos, mais aparente que real visto que se limitou à construção de linhas férreas que ligavam Portugal à Europa e ao desenvolvimento dos transportes.
- A verdade é que os políticos regeneradores foram sobretudo demagógicos ou seja "a arte de conduzir o povo " na medida em que prometeram uma nova era de «bem-estar para todos» à burguesia descontente com a lenta evolução das estruturas económicas da altura, que não passou de miragem devido à elevada corrupção existente entre os políticos nacionais. Assim, os deputados, divididos em dois grandes partidos constitucionais, ignoravam comodamente o estado da nação e, recrutados entre engenheiros, doutores, professores que iludiam o povo com banalidades porque sabiam argumentar a seu favor e deturpar, através de um discurso rebuscado, as maiorias iletradas que contribuíam para a centralização política e administrativa do país.
- A nível económico, Portugal estava dependente do empréstimo estrangeiro, sobretudo inglês, e a riqueza nacional aproveitava mais aos estrangeiros residentes no país do que aos portugueses. Por consequência, o país caiu no desastre económico, salvando-se apenas a burguesia capitalista.
- A nível cultural, o progresso apresentado pelo movimento regenerador não trouxe nada de novo , proporcionando a instauração da mediocridade entre os intelectuais apoiados pelo regime político do governo; neste clima degradado, o tédio invadia tudo e todos e a grande preocupação dos portugueses letrados da época era poder imitar o que se fazia no estrangeiro, sobretudo em França, país do qual Portugal estava dependente em matéria de moda, cultura e pensamento.
- A política levada a cabo pelos regeneradores será alvo de ataques cerrados por parte de um grupo de jovens intelectuais formados em Coimbra e que farão parte da célebre Geração de 70, à qual pertenceu Eça de Queirós, entre outros ...
- A 2º GERAÇÃO ROMÂNTICA
- O aparecimento da 2ª Geração Romântica coincide genericamente com o surgimento da Regeneração, no campo da política nacional. Desta 2ª Geração Romântica fazem parte escritores que ficaram conhecidos na história da literatura por “Ultra-românticos”; estes literatos sucederam aos que fizeram parte da chamada 1ª Geração Romântica, marcada pelas personalidades literárias dos escritores que introduziram o Romantismo nas Letras portuguesas: Alexandre Herculano e Almeida Garrett, romancistas, novelistas e poetas da 1ª metade do século XIX que lutaram pela instituição do movimento político liberal e que pagaram com o exílio em França e Inglaterra essa adesão partidária.
- Ao contrario dos escritores da geração literária que os precedeu, os ultra-românticos foram escritores em grande parte comprometidos com o regime político da Regeneração que elogiavam e que em troca os recompensava com cargos na política, no jornalismo e na função pública. Gerou-se, assim, o fenómeno da literatura oficial, cuja característica principal foi o conservadorismo ou seja o apego excessivo ao passado literário e contestação das ideias novas e fraca qualidade literária.
- Fortemente apreciados na época em que escreveram, os poetas ultra-românticos comoviam um público pouco informado com versos tristonhos, pessimistas e excessivamente sentimentais e pouco criativos. Soares de Passos foi o poeta ultra-romântico mais lido e o poeta António Feliciano de Castilho o mais influente no panorama literário português. Devido à protecção governamental de que gozava e que lhe permitia decidir quais os escritores que deveriam ser promovidos. Contra ele, irão insurgir-se os jovens da chamada Geração de 70, sobretudo o poeta Antero de Quental.
- GERAÇÃO DE 70
- Costuma designar-se por Geração de 70 (em 1870) um grupo de jovens intelectuais que alteraram o panorama literário português na segunda metade do século XIX.
- A Geração de 70 surge em Coimbra, cidade onde estudavam e se formaram aqueles que a ela irão pertencer, como é o caso do poeta e pensador açoriano Antero de Quental do romancista Eça de Queirós, dos historiadores Teófilo Braga e Oliveira Martins, do escritor Ramalho Ortigão e do poeta Guerra Junqueiro.
- Este conhecimento do panorama intelectual, social e político europeu, consciencializou-os do atraso cultural e económico português, facto que os levou a tentar a mudança. De facto, apenas renovam o panorama cultural, embora tivessem pretendido alterar a mentalidade portuguesa em geral. Idealistas, acreditavam que as revoluções sociais aconteceriam por si mesmas.
- Estes jovens intelectuais começaram a sua actividade contestária em Lisboa, em reuniões onde expunham os seus ideiais reformistas; juntaram-se, então, em casa de um dos elementos do grupo e estas sessões conjuntas de carácter intelectual ficaram conhecidas pelas reuniões do "Cenáculo", termo que significa reunião de pessoas que professam as mesmas ideias.
Questão Coimbrã
Questão Coimbrã foi o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX entre os defensores do “status quo”, desactualizados em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens escritores estudantes em Coimbra, que tinham assimilado as novas ideias.
Em redor de Castilho, formou-se assim um grupo em que o academismo e o formalismo vazio das produções literárias correspondia à hipocrisia das relações humanas, e em que todo o Realismo desaparecia; o grupo que Antero de Quental chamaria de «escola de elogio mútuo». Em 1865, solicitado a apadrinhar com um posfácio o “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, Castilho aproveitou a ocasião para, sob a forma de uma Carta ao Editor António Maria Pereira, censurar um grupo de jovens de Coimbra, que acusava de exibicionismo, de obscuridade propositada e de tratarem temas que nada tinham a ver com a poesia, acusava-os de ter também falta de bom senso e de bom gosto. Os escritores mencionados eram Teófilo Braga, autor dos poemas “Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras”; Antero de Quental, que então publicara as “Odes Modernas”, e um escritor em prosa, Vieira de Castro, o único que Castilho distinguia.
Antero de Quental respondeu com uma Carta com o título "Bom senso e bom gosto" a Castilho, que saiu em folheto. Nela defendia a independência dos jovens escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes problemas ideológicos da actualidade, e metia a ridículo a futilidade e insignificância da poesia de Castilho.
- Ao contrario dos escritores da geração literária que os precedeu, os ultra-românticos foram escritores em grande parte comprometidos com o regime político da Regeneração que elogiavam e que em troca os recompensava com cargos na política, no jornalismo e na função pública. Gerou-se, assim, o fenómeno da literatura oficial, cuja característica principal foi o conservadorismo ou seja o apego excessivo ao passado literário e contestação das ideias novas e fraca qualidade literária.
- Fortemente apreciados na época em que escreveram, os poetas ultra-românticos comoviam um público pouco informado com versos tristonhos, pessimistas e excessivamente sentimentais e pouco criativos. Soares de Passos foi o poeta ultra-romântico mais lido e o poeta António Feliciano de Castilho o mais influente no panorama literário português. Devido à protecção governamental de que gozava e que lhe permitia decidir quais os escritores que deveriam ser promovidos. Contra ele, irão insurgir-se os jovens da chamada Geração de 70, sobretudo o poeta Antero de Quental.
- GERAÇÃO DE 70
- Costuma designar-se por Geração de 70 (em 1870) um grupo de jovens intelectuais que alteraram o panorama literário português na segunda metade do século XIX.
- A Geração de 70 surge em Coimbra, cidade onde estudavam e se formaram aqueles que a ela irão pertencer, como é o caso do poeta e pensador açoriano Antero de Quental do romancista Eça de Queirós, dos historiadores Teófilo Braga e Oliveira Martins, do escritor Ramalho Ortigão e do poeta Guerra Junqueiro.
- Este conhecimento do panorama intelectual, social e político europeu, consciencializou-os do atraso cultural e económico português, facto que os levou a tentar a mudança. De facto, apenas renovam o panorama cultural, embora tivessem pretendido alterar a mentalidade portuguesa em geral. Idealistas, acreditavam que as revoluções sociais aconteceriam por si mesmas.
- Estes jovens intelectuais começaram a sua actividade contestária em Lisboa, em reuniões onde expunham os seus ideiais reformistas; juntaram-se, então, em casa de um dos elementos do grupo e estas sessões conjuntas de carácter intelectual ficaram conhecidas pelas reuniões do "Cenáculo", termo que significa reunião de pessoas que professam as mesmas ideias.
Questão Coimbrã
Questão Coimbrã foi o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX entre os defensores do “status quo”, desactualizados em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens escritores estudantes em Coimbra, que tinham assimilado as novas ideias.
Em redor de Castilho, formou-se assim um grupo em que o academismo e o formalismo vazio das produções literárias correspondia à hipocrisia das relações humanas, e em que todo o Realismo desaparecia; o grupo que Antero de Quental chamaria de «escola de elogio mútuo». Em 1865, solicitado a apadrinhar com um posfácio o “Poema da Mocidade”, de Pinheiro Chagas, Castilho aproveitou a ocasião para, sob a forma de uma Carta ao Editor António Maria Pereira, censurar um grupo de jovens de Coimbra, que acusava de exibicionismo, de obscuridade propositada e de tratarem temas que nada tinham a ver com a poesia, acusava-os de ter também falta de bom senso e de bom gosto. Os escritores mencionados eram Teófilo Braga, autor dos poemas “Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras”; Antero de Quental, que então publicara as “Odes Modernas”, e um escritor em prosa, Vieira de Castro, o único que Castilho distinguia.
Antero de Quental respondeu com uma Carta com o título "Bom senso e bom gosto" a Castilho, que saiu em folheto. Nela defendia a independência dos jovens escritores; apontava a gravidade da missão dos poetas da época de grandes transformações em curso e a necessidade de eles serem os arautos dos grandes problemas ideológicos da actualidade, e metia a ridículo a futilidade e insignificância da poesia de Castilho.
Questão Coimbrã
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