Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.
Analise do poema:
- Soneto que tem como tema a mudança. Tudo está em constante mutação mas, segundo a reflexão do sujeito poético, existem grandes diferenças entre a mudança na natureza e a mudança no sujeito. Na natureza a mudança é para melhor: na primavera os campos ficam cobertos de “verde manto” substituindo a “neve fria” do inverno. Contrariamente no sujeito a transformação é negativa o, “ doce encanto” converte-se em “ choro”. Mas até a própria mudança está mudada, pois “não se muda já como soía “ (costumava).
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