quarta-feira, 4 de maio de 2016

Mudam-se os tempos mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 

Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades. 

O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 

E afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto, 
Que não se muda já como soía. 


Analise do poema:


  • Soneto que tem como tema a mudançaTudo está em constante mutação mas, segundo a reflexão do sujeito poético, existem grandes diferenças entre a mudança na natureza e a mudança no sujeito. Na natureza a mudança é para melhor: na primavera  os campos ficam cobertos de  “verde manto” substituindo  a “neve fria” do inverno. Contrariamente  no sujeito  a transformação é negativa o, “ doce encanto” converte-se em “ choro”.  Mas até a própria mudança está mudada, pois “não se muda já como soía “ (costumava).

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