quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Eu Pedro Bexiga sou um jovem aluno de Linguas & Humanidades do 10º F da escola D.Manuel I que reconhece que a Literatura Portuguesa é um ponto de partida para quem gosta de ler e escrever .


Alentejo
Folheia-se o caderno e eis o sul
E o sul é a palavra. E a palavra
Desdobra-se
No espaço com suas letras de
Solstício e de solfejo
Além de ti 
Além do Tejo.
Verás o rio e talvez o azul
Não o de Mallarmé : soma de branco e de vazio
Mas aquela grande linha onde o abstracto
Começa lentamente a ser o
Sul.
Outro é o tempo
Outra a medida.
Tão grande a página
Tão curta a escrita
Entre o achigã e a perdiz
Entre o chaparro e o choupo
Tanto país 
E tão pouco
Solidão é companheira
E de senhor são seus modos
Rei do céu de todos
E de chão nenhum
À sombra de uma azinheira
Há sempre sombra para mais um
Na brancura da cal o traço azul
Alentejo é a última utopia
Todas as aves partem para o sul
Todas as aves : como a poesia.
Manuel Alegre, in Alentejo e Ninguém

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